Em 17 de setembro de 2012,
participei como palestrante da
“II Jornada Científica
Doenças Neuromusculares em
discussão.”
Mesa 5: Vivendo a vida –
Sexualidade e deficiência.
Evento realizado no Salão da
OAB/RJ –
Av. Marechal Câmara, 150.
Coordenação do evento: ACADIM
Associação Carioca de Distrofia
Muscular
O objetivo central foi de focar
um novo olhar para a discussão da sexualidade dos portadores de necessidades
especiais, mostrando que a sexualidade
faz parte da vida de qualquer ser humano, seja uma pessoa com deficiência ou não.
Indo além do sexo, que é apenas seu componente biológico.
A sociedade ainda tem um olhar equivocado da sexualidade via processo
repressivo cultural/dogmático, deflagrando os problemas psicológicos como
afirmou Freud no século XIX.
Assinalamos que a repressão constrói os mitos sexuais, prejudicando os
indivíduos por se basearem em falsas interpretações ou em preconceitos do
funcionamento sexual de homens e de mulheres, quando uma expectativa não é cumprida,
via relação sexual, podendo levar as pessoas a acreditarem na existência de
tais ditos problemas sexuais.
Principais mitos.
- Há uma ideia geral de que
pessoas com deficiências são assexuadas e isso está diretamente relacionado com
a crença de que essas pessoas são dependentes e infantis e, portanto, não
seriam capazes de usufruir uma vida sexual adulta.
Não se estimulam os programas de orientação/educação sexual porque se
entende que nem seria preciso falar sobre sexo àqueles que são assexuados.
- Pessoas
acreditarem que a sexualidade dos portadores de necessidade é exagerada.
Desse modo o desejo, fantasia, erotismo que é normal em todo ser humano,
aparece como diferenciado e exagerado pela sua exteriorização inadequada.
Ainda associamos o sexo funcional
e normal ao padrão corporal e que outra
expressão sexual que não seja sob esses padrões pode tornar a sexualidade
desviante, patológica ou desnecessária. Do mesmo modo, aqueles que têm
deficiência e insistem em expressar seus desejos sexuais são tomados como
pervertidos ou atípicos.
A falta dessas informações ou omissão da visão holística da sexualidade
aos portadores de necessidades especiais (e aos ditos normais) torna as pessoas
vulneráveis ao contágio de doenças sexualmente transmissíveis ou ao
envolvimento em crimes sexuais.
- Pessoas com deficiência são pouco atraentes, indesejáveis e incapazes de
conquistar um parceiro amoroso e manter um vínculo estável de relacionamento
amoroso sexual.
Os membros
familiares também são atingidos pelos preconceitos sociais que tangem as
pessoas com deficiências. Todavia, as próprias famílias costumam questionar se
é possível alguém não-deficiente se apaixonar e viver uma relação amorosa e
sexual com o deficiente, esperam encontrar um par amoroso igualmente deficiente
como seu ente querido. Por outro lado, a família pode desejar que seus ente
queridos com deficiência namorem e se casem com não-deficientes visando
aproximá-los de uma condição normal.
Em ambos os casos, o
preconceito fica evidente.
Não perguntam ao
portador de necessidades quem lhe fará feliz.
- Pessoas com
deficiência não conseguem usufruir o sexo normal/espontâneo, que envolve penetração
seguido de orgasmo.
A deficiência pode
até comprometer alguma fase da resposta sexual, mas isso não impede a pessoa de
ter sexualidade e de vivê-la prazerosamente. Afinal o planeta terra tem como
característica uma grande diversidade e entre elas está à sexualidade e suas
múltiplas ações prazerosas.
Os mitos, portanto,
têm sido usados para justificar a segregação de pessoas com deficiências na
sociedade.
Esclarecer e
refletir sobre questões do preconceito que se relacionam ao corpo com deficiência,
sobre os limites subjetivos e objetivos para viver e expressar a afetividade e
a sexualidade, a partir de uma leitura social e cultural da deficiência e da
sexualidade, parece ser um caminho promissor para contribuir na superação da
discriminação social e sexual que prejudica os ideais da sociedade inclusiva.
Com certeza o Estudo
da Sexualidade nas escolas será de grande valia na desconstrução dos mitos,
proporcionando uma melhor qualidade de vida, via autoestima.